segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Memórias


Pequei-me olhando para trás, assistindo novamente o passado, mas desta vez assisti a parte de mim que só eu e você conhecíamos, a parte secreta, cheia de cores e vida, onde podia ser eu de verdade. Meu senso de certo e errado dispensava o personagem, então despia as vestes e era eu de corpo e alma. Lembrei-me de nós dois, das tardes que tivemos, das manhãs em que acordávamos juntos, lado a lado. Lembranças que me fazem hoje, respirando outros ares, entender que é possível amar sem saber. Foram lindos e intensos cinco anos. Juramos eternidade e nisto fomos tolos, nós seres de curta existência querendo eternizar algo. Ilusão. Ainda sinto um leve frio na barriga lembrando do teu sorriso, da tua voz me chamando. Di, era assim que me chamavas.
Ninguém conheceu meu corpo como ele, ninguém entendeu minha alma como ele. Nunca me senti tão pleno de mim do que quando estava junto dele. Penso que isso é o amor verdadeiro, gratuito, dispensa entendimentos, o nosso apenas se mostrava no passar lento dos dias, e nós, tolos, imaturos, não entediamos. Mas para que entender se fizemos o melhor, vivê-lo.

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